DOUTORANDOS

Tecendo fios: a proposta educacional do Movimento de Educação de Base em Tefé/AM: 1963-1982

Leni Rodrigues Coelho

O Movimento de Educação de Base (MEB) foi criado nacionalmente em 1961 por meio do Decreto n. 50.370/1960, fruto da parceria entre a Igreja Católica e o governo federal e tinha o intuito de alfabetizar jovens e adultos das regiões norte, nordeste e centro oeste do país. A presente pesquisa tem como objetivo discutir a proposta educacional produzida pelo Movimento de Educação de Base em Tefé, no Estado do Amazonas, no período de 1963 a 1982 e nossa hipótese é que o MEB em Tefé se consolidou no período investigado de maneira paradoxal, entre um viés politizador e evangelizador.

Palavras-chave: Movimento de Educação de Base. Igreja Católica. História da Educação.

O Asilo de Santa Leopoldina em Niterói: educação e assistência à infância órfã, pobre e feminina (1854-1878)

Leonardo Fonseca

A pesquisa tem como objetivo central refletir acerca da assistência e da educação ofertada às meninas órfãs e pobres no Asilo de Santa Leopoldina no período de 1854 a 1878. A instituição foi criada na cidade de Niterói, em 1854, pelo Decreto nº. 5 da Presidência da Província do Rio de Janeiro, antiga Capital da Província do Rio de Janeiro. No mesmo ato do poder provincial, foi criada, a partir do Decreto n° 4, a Irmandade de São Vicente de Paulo para administrar o asilo, através de uma mesa administrativa, com o objetivo de abrigar a infância desvalida da província fluminense. A justificativa do período em relação ao objeto se dá pelo criação da instituição em 1854 e a exoneração, em 8 de abril de 1878, do 3° provedor da Irmandade de São Vicente de Paulo, Barão de Laguna, que foi substituído pelo Visconde de Abaeté, 4° provedor que assumiu a provedoria em 19 de maio de 1878 e promoveu a troca das irmãs de caridade que administravam o governo interno do asilo. As irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo foram contratadas pela nova provedoria para substituírem as irmãs do Sagrado Coração de Maria. Para a construção da narrativa acerca da trajetória da instituição considerando a participação do Estado e de grupos sociais, a rede de relações, as regras e as práticas educativas da instituição, elegemos como fontes um conjunto de relatórios e documentos da mesa administrativa e da provedoria da irmandade, da Presidência da Província do Rio de Janeiro e as publicações sobre o cotidiano do asilo nos periódicos do período recortado.

Imprensa operária e educação: debates dos trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX e início do XX

Renata Rodrigues Chagas Pessoa

Os debates sobre educação, a partir do estudo da imprensa operária, na virada do século XIX para o século XX possibilita interpretações sobre diferentes perspectivas frente aos projetos de sociedade em disputa. O presente trabalho tem o objetivo de analisar como debates e iniciativas educacionais realizadas por trabalhadores repercutiram na imprensa operária na cidade do Rio de Janeiro, na Primeira República. Deste modo, percorreremos iniciativas representadas a partir de criação e manutenção de escolas, incentivo por criação de bibliotecas, festivais de teatros, músicas e exibição de filmes, cursos diurnos e noturnos, instrução primária e profissional. Para tal, a imprensa será utilizada também como uma forma de intervenção pedagógica e educativa no social. Para o diálogo com as fontes, a pesquisa conta com o aporte teórico dos seguintes autores: Thompson (1991, 1998), Barbosa (1991, 2007, 2010), Batalha (1999, 2009), Chalhoub (2001, 2006), Costa (2012), Maciel (2012, 2016), Cruz; Peixoto (2007).

Palavras-chave: história da educação, educação popular, trabalhadores, imprensa operária.

O Projeto Minerva entre práticas educativas e culturais na imaginação de uma comunidade (1970-1980)

Rosa Monaco

O Projeto Minerva (1970-1989) foi criado em meio ao governo militar no país (1964-1985), sob o objetivo de emanar programação radiofônica com fins educativos e culturais, a partir das ações previstas pela Portaria Interministerial nº 408/70. A pesquisa se propõe a estudar o Projeto Minerva durante o período em que foi coordenado pelo Serviço de Radiodifusão Educativa (SRE) do MEC, de 1970 à 1980, sob a perspectiva de uma comunidade imaginada (ANDERSON, 2008). O aporte teórico-metodológico para as discussões contará com autores como: Velho (1981, 1986, 1989, 2002); Prost (1987, 2015); Ginzburg (1989, 1991, 2007, 2013); Chartier (1990, 2006); Revel (1998, 1998a, 2010, 2013); Anderson (2008); Camara (2013, 2015).

Quanto às fontes selecionadas encontram-se: relatórios do Projeto Minerva (1972-1980) e fascículos de uso dos alunos.

O pensamento de Manoel Bomfim para a educação e formação da identidade nacional em sua produção escrita de 1905-1931

Marcela Cockell

A pesquisa pretende traçar o legado cultural e intelectual de Manoel Bomfim (1868-1932) a partir da sua produção escrita no período de 1905 a 1931 na perspectiva de seu engajamento nas discussões acerca da educação brasileira e interpretação da identidade nacional. Durante este período produziu escritos relacionados a estas temáticas e procura identificar as causas dos “males” do atraso brasileiro. Desse modo, buscamos interpretar o seu movimento de circulação e de tomadas de posição no cenário histórico da Primeira República (1889-1930), perpassando pela Belle Époque tropical (1898-1914) – conforme Needell (1993) – na capital. Nos interessa analisar as suas concepções e estratégias a partir de um contradiscurso (Foucault, 2002), envolvendo: a mestiçagem, a higiene; a pedagogia e psicologia na educação da criança; a ideia de nação e América Latina.
Palavras-chave: Manoel Bomfim, intelectual, produção escrita, contradiscurso, história da educação.

A Escolarização dos Alunos Negros do Instituto Ferreira Viana (1916-1930)- instituições, infância e educação na cidade do Rio de Janeiro

Marcele Moreira de Castro

A pesquisa sobre a escolarização dos alunos negros se dá como uma devolutiva à demanda apresentada pelos alunos negros da atualidade, tentando compreender o processo histórico no qual esses alunos acessaram os bancos escolares entre o fim do século XIX e princípio do século XX. A escolarização dos alunos negros normalmente é uma temática negligenciada da narrativa oficial da história da escolarização. Entretanto, através da perspectiva de E. P. Thompson sobre a “história vista de baixo”, compreendemos que é preciso preencher as lacunas deixadas pelos excluídos da História, como negros e mulheres, entre outros. Tomando como referência o Instituto Ferreira Viana (fundado em 1888 como Casa de São José pelo Ministro do Império Ferreira Viana) tem sido possível analisar os documentos do Centro de Memória da atual Escola Técnica Estadual Ferreira Viana, que contribuem para a compreensão do processo de escolarização desses sujeitos.