PROFESSORES

Sônia Camara

Professora Doutora

Intelectuais, instituições e redes de sociabilidade: assistência, proteção e educação da infância no Rio de Janeiro de 1890 a 1940.

Sônia Camara

O projeto pretende investigar as redes de sociabilidade construídas entre instituições e intelectuais que, mobilizados pela cruzada civilizatória da infância colocaram-se em defesa de sua assistência e educação. A partir da constituição das redes objetivamos mapear as iniciativas públicas e privadas que se constituíram na cidade do Rio de Janeiro no período de 1890 a 1940. Com este intento, interessa-nos tecer uma malha assistencial à infância por meio das ações promovidas pelos intelectuais e as instituições dos campos médico e jurídi co. Em sua missão civilizadora esses intelectuais elegeram e constituíram espaços de atuação a partir dos quais criaram condições para fomentar projetos de intervenção social direcionados a modernização do país. É no entrecruzamento das medidas organizadas na cidade-capital que pretendemos reconstituir as relações entre os intelectuais e o Estado; a medicina, o direito e a educação; a escola e a família; o público e o privado. Nesta perspectiva, nosso esforço interpretativo visa analisar as estratégias elaboradas pelos intelectuais e as instituições a partir das quais as crianças foram perspectivadas como objetos de pensamento, de intervenção e de profilaxia social. Interessa, ainda, tencionar as matrizes que orientaram os dispositivos de atendimento, de proteção e de educação das infâncias pobres e desvalidas, bem como as formas como essas matrizes circularam no cenário nacional e internacional no período de 1890 a 1940. Quanto à periodização proposta (1890-1940), está se sustenta em duas perspectivas de análise. A primeira, de que no período delineado entre os anos de 1890 a 1920, as iniciativas direcionadas às infâncias estiveram marcadas pela presença da filantropia assistencial prevalecendo, em grande parte, a ideia de que estas dependiam mais da vontade individual dos que se devotavam à causa da infância pobre. A segunda, que entre as décadas de 1920 a 1940, deu-se o processo de reorganização da assistência com predomínio das ações tutelares pelo Estado brasileiro, marcado pela judicialização da infância e a formulação de políticas assistenciais protetivas nas duas décadas seguintes.

Os deserdados da sorte: assistencialismo, filantropia e educação da infância no Rio de Janeiro de 1920 a 1940.

Sônia Camara

Este projeto de pesquisa visa compreender as concepções de assistência e de educação que, elaboradas pelos intelectuais reformadores ajudaram a compor a organização de projetos e estratégias de intervenção sobre à infância pobre na cidade do Rio de Janeiro de 1920 a 1940. Interessa analisar os projetos que se materializaram na criação de instituições e de leis, bem como na apreensão dos lugares de produção, de apropriação e de circulação dos discursos e das práticas (Certeau, 2011) assistenciais e educativas destinados a perspectivar às crianças da/e na cidade. Interessa analisar os discursos/ações no âmbito das iniciativas públicas e privadas que produziram efeitos sobre as infâncias na cidade do Rio de Janeiro, no período em questão. Ênfase será direcionada aos debates que envolveram o processo de organização de uma malha assistencial que, por um lado, fosse capaz de contribuir para a composição das esferas públicas, face a constituição de programas e de políticas públicas no país; e por outro, na composição de uma “rota de fuga” contra a anti-modernidade, o rústico e o ethos de uma civilidade tropical refém dos discursos eurocêntricos de modernização urbano-industrial. Neste aspecto, a tessitura de uma malha assistencial, nas décadas de 1920 a 1940, excitou como ponto de sustentação à produção de retóricas e discursos que encontrou na ciência e na educação seu lugar praticado na institucionalização e judicialização das infâncias desassistidas. Para a realização deste intento investigativo recorreremos aos trabalhos de: Foucault (2002); Sirinelli (2003), Certeau (1994), De Jean (2005), Varella e Uría (1991), Camara (2010, 2013, 2014), Rocha (2009, 2010), Sanglard (2008), Veiga (2007), Kuhlmann Jr. (2006), entre outros autores.

 

Pandemias/Pandemônios (1918-2021): o que a História pode nos ensinar?

Coordenação geral: Sônia Camara

O projeto (mãe) tem como objetivo pensar as possíveis contribuições da História e, em particular, da História da Educação diante dos desafios provocados pela eclosão da Pandemia do Covid-19 no Brasil, a partir de fevereiro de 2020.  Neste sentido, interessa-nos construir uma pesquisa comparativa que considere os atravessamentos no âmbito da política, da saúde, da educação e da produção cultural que permitam construir interfases/relações entre as pandemias de 1918 e 2020 no país e, em alguma medida, no cenário internacional. Para isto, pretendemos cotejar e analisar os dados levantados em periódicos comerciais e especializados produzidos nos períodos demarcados pelo estudo (1918 e 2021), bem como em outras fontes de pesquisa, a exemplo de: relatórios, anais do legislativo, boletins e mensagens oficiais. A pesquisa visa refletir acerca dos protocolos, das práticas e das representações que foram e são forjados em torno das competências envolvendo os discursos políticos e científicos. Interessa ainda identificar os enfrentamentos que essas retóricas produziram e produzem e de que forma se difundem na sociedade. Para isto, importa considerar os embates que foram e vêm sendo travados em torno de quem pode, deve e ou deveria falar sobre o assunto ampliando, assim, o foco de análise acerca dos acontecimentos históricos advindos desses cenários de crise.

Jorge Antônio Rangel

Professor Doutor

Como Gláuber Rocha dizia: “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, Humberto Mauro e o cinema educativo no Instituto Nacional do Cinema Educativo (1936-1947).

Jorge Antônio Rangel

Projeto PIBIC-UERJ

Resumo: Por que falar da trajetória intelectual do cineasta Humberto Mauro? Por que ela e não outra? Primeiro, porque ela (trajetória) indica-nos uma opção existencial pelos sabores e desejos de apreender as diferentes dinâmicas e linguagens das imagens em movimento; em segundo, porque sua trajetória enquanto educador profissional, que ajudou a programar o Instituto Nacional do Cinema Educativo do Ministério de Educação e Saúde (INCE), no período de 1936 a 1964, fez parte da história do cinema nacional e de sua historiografia educacional; e, em terceiro, porque o estudo da originalidade de sua cinematografia ajuda a desvelar como se forjou uma dada interpretação positiva do Trópico brasiliano. Nesta perspectiva, nossa intenção é o de recuperar através de sua produção fílmica as relações do cinema educativo com o “Estado Educador”, tutor e cultor da cultura nacional. Abordar interdisciplinarmente as inter-relações homem/natureza; homem/cultura e homem/ciência na obra fílmica de H. Mauro, buscando perceber como subverteu os enquadramentos preestabelecidos pelo INCE. Capturando, dessa forma, os “desequilíbrios em equilíbrio” no discurso e em sua narração de celebração, épica, de certa “harmonia” entre colonizador e colonizado. Do ponto de vista metodológico, nossa pesquisa é benjaminiana. Desejamos reconstituir uma trajetória sem, no entanto, atribuir “a um ator isolado, a condução exclusiva das articulações políticas das decisões de alianças, mas procurar captar como se forjou a identidade social desse intelectual” (Camargo, 1985). Revisitar sua cinematografia incide abrir um novo campo de possiblidades para a interpretação de sua pertença de intelectual engajado (Sirinelli, 2003) no mundo social, bem como perceber suas táticas de multiterritorialidades (Hasbaert, 2004) no alinhavo de um projeto identificado com o escolanovismo. Como bem nos dizia Gláuber Rocha (1963), com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, H. Mauro fundou o cinema novo produzindo mais de 350 filmes pedagógicos no INCE. A nossa revisão bibliográfica composta por fontes primárias e da leitura de comentaristas, tais como Bernardet (1979 1985); W. Benjamin (1990); Eni Orlandi, 1993; Roger Chartier (1988); Sirinelli (2003), entre outros autores.

Monica Ferreira

Professora Doutora

Educação Profissional e Formação Docente: um estudo de caso sobre as práticas pedagógicas no campo do ensino técnico

Monica Ferreira

(NIPHEI/FFP-UERJ)

Resumo: A pesquisa objetiva analisar o processo de desarticulação entre as áreas de formação geral e formação técnica na Educação Profissional de nível médio no Brasil, por meio das práticas pedagógicas executadas no ambiente escolar. Este processo resulta de uma clara separação entre estas duas esferas da formação secundária, construída historicamente a partir da divisão social entre o ensino de cunho humanista e o ensino de ofícios. Para tanto, realizamos uma pesquisa de campo em uma escola técnica de nível médio na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, em que foram entrevistados professores, coordenadores, diretores e orientadores educacionais desta instituição. A opção por estes profissionais deve-se à iniciativa desta pesquisa de mapear o campo em que se insere a Educação Profissional no processo de formação do trabalhador técnico, a partir da visão daqueles que operacionalizam estas práticas sociais no ambiente escolar. A análise deste material aponta para uma histórica “dualidade estrutural” (KUENZER, 1997) entre as áreas de formação geral e formação técnica nesta modalidade de ensino, acarretando inúmeras contradições entre as exigências colocadas pelas diferentes ordens econômicas e o perfil do trabalhador inserido no mundo do trabalho.

Palavras-Chave: Educação Profissional – Aprendizagem – Trabalho – Práticas Pedagógicas

Maria Cristina Ferreira

Professora Doutora

Ensino de ciências e formação docente: estudos históricos e curriculares

Maria Cristina Ferreira

Resumo: O projeto se apoia em referenciais teórico-metodológicos do currículo e história das disciplinas escolares: Goodson (1983, 1988, 1995, 1997, 2001), Chervel (1990), Julia (2001 e 2002), Viñao (2008), Forquin (1992, 1993), Chervel (1990). Apontamos como questões: como se constituíram as disciplinas Ciências, História Natural e Biologia no currículo escolar e acadêmico no Brasil? Quais conhecimentos foram legitimados e qual foi o papel dos professores na produção disciplinar? O intuito é descrever e analisar processos de produção de disciplinas escolares e acadêmicas, a partir do levantamento e análise de materiais  diversos. O projeto de pesquisa tem abordagem qualitativa e fundamenta-se na análise  documental, tais como programas de ensino, legislação, livros didáticos, publicações em revistas e jornais, entre outros. A partir da perspectiva de que fatores sociais, culturais e políticos interferem na construção do currículo, esse projeto de pesquisa focaliza as disciplinas Ciências e Biologia em perspectiva sociohistorica, os conhecimentos, as perspectivas pedagógicas e a materialidade no currículo.

Marilene Antunes

Professora Doutora

A pedagogia na Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo: memórias, percursos e mudanças (1994-2019)

Marilene Antunes

Resumo: O presente projeto foi articulado no âmbito das comemorações dos 25 anos do curso de Pedagogia da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da UERJ no ano de 2019. Tem por objetivo refletir sobre a trajetória acadêmica percorrida pelo curso nas relações com o campo da pedagogia e com a educação brasileira, em particular com o município de São Gonçalo, onde concentram-se os/as estudantes que concluem a graduação e iniciam o exercício da docência. A ação principal da pesquisa põe em foco o processo de formação docente e é realizada a partir do levantamento das monografias que se encontram disponibilizadas no site do curso de Pedagogia da FFP e na biblioteca da instituição por meio de publicações impressas e/ou guardadas em CDs. Busca-se obter, através das informações retiradas das monografias e organizadas em fichas cadastrais, dentre outros aspectos, a análise das áreas, temas e autores (as) mais pesquisados da pedagogia destacando assim os caminhos metodológicos e teóricos percorridos na história do curso e nas experiências das pesquisas dos docentes, bem como discutir o domínio de conhecimento e o processo de formação dos nossos alunos e alunas. No decorrer do trabalho, leituras e discussões relacionadas a história dos cursos de pedagogia no Brasil, bem como referentes a formação docente tais como Brzezinski (2006), Cruz (2011), Fontoura (2018), Freire (2011), Gatti (2013) Nóvoa (1992), têm sido acolhidas na pesquisa. 

Palavras-chave: formação docente – curso de pedagogia – Faculdade de Formação de Professores  

Marilene Antunes

Professora Doutora

Mônica Ferreira

Professora Doutora

Sônia Camara

Professora Doutora

Formação docente no Curso de Pedagogia da FFP: uma análise preliminar sobre a produção de monografias no período de 2008 à 2020

Marilene Antunes

Mônica Ferreira

Sônia Camara

Resumo: O presente projeto tem por objetivo refletir sobre a constituição do curso de Pedagogia, criado em 1994, no âmbito do Departamento de Educação da Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo. Para isto, interessa realizar um balanço das monografias produzidas pelos alunos do curso desde a sua institucionalização, a partir da reformulação curricular de 2006, que estabeleceu a monografia como requisito obrigatório para formação do pedagogo. Assim, o recorte temporal proposto justifica-se a partir da produção das primeiras monografias no ano de 2008. A pesquisa objetiva por em foco o processo de formação docente, considerando para isso os trabalhos monográficos realizados pelos discentes do curso. A partir do mapeamento das monografias que se encontram disponibilizadas no site e na biblioteca da instituição busca-se identificar, selecionar, sistematizar e analisar as informações concernentes ao processo de sua construção, bem como das áreas a que se vinculam, os temas e autores (as) citados nos trabalhos e os caminhos teórico-metodológicos estabelecidos na construção das pesquisas. Desta forma, almeja-se dar visibilidade aos fazeres institucionais e pedagógicos constituintes do processo de formação discente e da trajetória do Curso de Pedagogia da FFP/UERJ, principalmente na relação com a escola básica do Município de São Gonçalo, ao longo de seus 25 anos de funcionamento.

Palavras-chave: Formação Docente – Curso de Pedagogia – Faculdade de Formação de Professores – História da Educação.